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terça-feira, março 30, 2004

DO CONTRAGOLPE DE 64
Contragolpe. Não um golpe ou revolução democrática, mas um contragolpe. O evento de 31 de março de 1964 não pede nome mais apropriado; a ação desencadeada algo anarquicamente- como parece ser regra nas intervenções militares brasileiras, desde a República- não visou outra coisa que não o impedir um golpe à esquerda, anunciado sem meio tom por autoridades muitas. Claro que haverá aqueles que dirão ser essa interpretação insanidade, comentarão sarcasticamente que seria preciso muita burrice, paranóia e submissão frente ao Satã Imperialista para acreditar no potencial revolucionário de um ou outro agitador exaltado. A isso respondem não apenas os fatos, falas, documentos, mas a pura honestidade intelectual e moral, carente nos espíritos dos sarcásticos; não por outro motivo se vê tranqüilamente que a imensa maioria dos que acusam a insanidade da idéia de que um golpe à esquerda era planejado são- vejam só!- esquerdistas de matizes diversos, não raro antigos militantes de organizações revolucionárias- pré e pós golpe, legais ou terroristas.
Mas seria Jango comunista? Não apenas penso que não como digo que os militares contra-revolucionários partilhavam dessa visão; ninguém- ou poucos, não significativos- imaginou que um latifundiário pretendesse instaurar aqui uma macro Cuba. O perigo residia em duas outras situações, uma bem plausível e outra algo possível em futuro próximo, não fosse o contragolpe. A saber:
i)O país caminhava a passos largos para se tornar uma república populista à Vargas; o discurso governamental mais e mais se apoiava nas massas de trabalhadores, e essas mais e mais se radicalizavam. Jango pretendia Reformas esquerdistas profundas, algo de difícil concretização dada a formação do Congresso na época; buscou-se então o apoio no povo, doutrinado de forma a crer que aquelas eram as reformas que o país necessitava e que jamais haviam sido feitas apenas pelo fato de que o país estivera sempre nas mãos da “elite exploradora capitalista”, da “elite entreguista”, “dos reacionários católicos” etc- incluiria “elite branca”, mas felizmente o movimento negro não engrossava o caldo esquerdista na época significativamente. Crente na necessidade das reformas e manipulada por um discurso que jogava- sem o deixar explícito- com a famigerada luta de classes, a massa pouco a pouco enveredava pelo caminho do socialismo. Não acredito que Jango e o “núcleo duro”- para usar expressão da moda- permitissem uma guinada tão radical à esquerda; provavelmente o uso dessa massa se restringiria ao apoio para a realização das Reformas “na marra”-leia-se, passando por cima de Constituição, Congresso, direitos fundamentais etc. Algumas migalhas- ainda que saborosas- seriam dadas ao povo e este, contente, desfilaria garboso no primeiro de maio- à moda Vargas, confesso exemplo máximo do Sr.Jango, que fora ministro do Caudilho-Mor.
ii)Jango trabalha na manipulação das massas mas na verdade o títere é ele. As massas fogem ao controle e, guiadas por órgãos vermelhos ao extremo- CPT, UNE, Ligas Camponesas, CGT, grupos de praças e marinheiros- instauram aqui algo de fato bem similar a Cuba. Essa hipótese é menos plausível num primeiro momento, mas há quem ponha a mão no fogo pela capacidade de Jango controlar o tigre que soltou? Logo o fraco e tímido Jango?
Há quem objete que as Reformas eram de fato necessárias, que elas nada tinham de socialistas e que apenas “impulsionariam o desenvolvimento do capitalismo”. É a visão de CARTA CAPITAL e seus símiles, pessoas e instituições. Interessante é analisar as biografias, idéias e textos dos que produzem essas frases e perceber que o compromisso deles com o capitalismo é algo não levemente tênue e esquizofrênico...
Também não faltam os que digam: “melhor uma ditadura possível, que é apenas especulação teórica, do que uma ditadura concreta. Do que vale fugir de uma e cair em outra?”. De fato há o que questionar em relação a duração dos governos militares e o grau de repressão exercido. Mas cumpre também lembrar que medidas excepcionais foram necessárias a fim de manter a ordem e logo combater a luta armada- que sempre se soube, e apenas os néscios ou desonestos não o vêem, intentou do começo ao fim o derrubar a ditadura para instaurar outra, a do proletariado- sob rótulos diversos: trotskista, stalinista, maoísta...mas inegavelmente não havia qualquer grupo na luta armada que a fizesse em nome da instauração de uma democracia liberal.
Posto isso, o mais não é golpe, é governo. Discutir sobre medidas econômicas, de política externa, energéticas ou afins ultrapassa não só as pretensões pequenas desse texto como a própria discussão sobre o golpe. A questão a ser posta, muito pragmaticamente, não é se hoje o país estaria melhor na educação, na saúde, na economia se não houvesse o golpe; mas sim perguntar: essas linhas estariam sendo escritas se não houvesse o golpe? Haveria, ainda que depois de 40 anos, democracia? Há os que dirão que sim, há os que dirão que não, como eu. E haverá ainda aqueles muitos que não responderão a questão, mas emitirão em seus espíritos o mesmo sorriso sarcástico e pensarão: “ democracia? prá que democracia”? Depois vão editar uma revista.
Felipe Svaluto Paúl(carioca,brasileiro,17 anos, orgulha-se da coragem dos contra-revolucionários de 64)

segunda-feira, março 22, 2004

THE PASSION: TENTANDO DIZER ALGO NOVO
O leitor certamente já leu inúmeros textos acerca do filme de Gibson. Do anti-catolicismo dos críticos da mass media ao ufanismo de blogueiros católicos, passando pelo politicamente correto semita e a análise pretensamente artística de pessoa afamada cujo maior feito na vida é possuir um blog- péssimo, por sinal. Fica então a pergunta: por que interromper os devaneios de Alexandre Vancellote para tratar do filme? É tamanho o apelo polemista que não dá para passar ao largo? Sim, dá. Mas se escrevo é porque pretendo acrescer algo novo; algo ausente de todos os textos que li sobre o tema, seja por miopia intelectual ou pura covardia. Trata-se de fenômeno que tangenciei ainda no Último Bunker, e que motivou acusações movidas contra mim por aquele ser que vocês bem conhecem; acusações sustentadas na base do pré-conceito, do achismo intelectual, das dificuldades de leitura do mal-educado interlocutor e, ouso dizer, de pura paranóia e desejo heróico do moço. Volto aqui ao tema, já prevendo as reações algo estúpidas que podem surgir-mas quem a elas não está sujeito, salvo os que preferem o simples ao correto? Sem mais, defino: trato aqui novamente do controverso tema do sionismo como peça integrante da ditadura das minorias.
Como bem sabem os leitores de longa data trato por ditadura das minorias o processo- ainda em vias de construção, embora já em estágio avançado- no qual auto-declaradas minorias trabalham a fim de alcançar o máximo de poder político e cultural possível, exigindo para si privilégios que os elevam da categoria de não-cidadãos- a qual alegam pertencer- a categoria de supra-cidadãos, dotados que ficam de direitos superiores aos cidadãos infelizes das ditas maiorias. Esse fenômeno atua no campo político- eleição de representantes comprometidos com os discursos das minorias- e cultural- ocupação de espaços na mídia e no debate intelectual, tentativa de hegemonia nesses espaços e eliminação de idéias contrárias aos discursos das minorias. Não pretendo aqui detalhar o fenômeno- é assunto para livro extenso, que talvez até já tenha sido escrito mundo afora -, que é absolutamente complexo e envolve situações aparentemente tão desconexas como as cotas raciais para negros, a hostilidade midiática ao posicionamento anti-gay das religiões tradicionais e a crença na superioridade dos ditos valores femininos sobre os masculinos- quem nunca viu matérias em semanais propagando a necessidade de “feminizar” o mundo? Parece-me inegável a quem quer que se ponha a analisar o tema que essa ditadura em construção se baseia exatamente no tripé negro-mulher-gay, havendo variantes menores como o pró-idoso, pró-deficiente etc. O que pretendo mostrar aqui é algo desagradável a maioria dos conservadores e muitos liberais, e mais sutil que os exemplos tratados acima: o chamado “sionismo moderno”, que também podemos chamar de discurso pró-judeu, insere-se notavelmente no processo da ditadura das minorias. E a polêmica em torno do filme The Passion é exemplo significativo disso.
Não nos distanciemos e fiquemos em nossa terra: qual dos leitores não soube da tentativa, levada a cabo essencialmente pelo Sr.Osias Wurman, Presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, de PROIBIR a exibição do filme no Brasil? Exato, isso mesmo, proibir. Essa é marca essencial do fenômeno, não à toa chamado de ditadura: a crença em que os membros de seus grupos, ONGs e afins são seres iluminados, semi-deuses modernos cujas falas representam a lei. Acharam o Sr.Osias e seus pares o filme anti-semita? Proibam! Permitir que a massa, os gentios ignaros venham a assisti-lo a fim de opinarem per si? Isso é coisa de liberal, é liberal para esses senhores só serve no momento de formular alianças esquizofrênicas como a que vemos hoje nos EUA. Idêntico procedimento é adotado por outros grupos da ditadura das minorias. Coincidência?
Passemos a outro ponto: Jacob Goldberg- conhecem? Nem eu- disse entre outras que o filme revelaria pendores sadomasoquistas de Gibson. Sim, psicologia é tragicômico em 90% das vezes, seja usada por minoria ou não. Mas ao acusar um tradicionalista religioso- que meramente expôs em seu filme de forma literal um texto considerado sagrado– de sadomasoquista ataca-se não o homem, mas sim o discurso; se ele reproduziu fielmente os Evangelhos- e não parecem haver vozes dissonantes sérias sobre isso- e ao mesmo tempo o filme é exercício sádico, o que se conclui? Que João e Mateus se imolavam com tiras couro enquanto escreviam as páginas sagradas. Novamente há aqui o discurso da minoria, agora mais a esquerda mas semelhante ao anterior: o desespero dos construtores do discurso diante de uma mínima brecha, uma pequena possível falha por onde pudessem se esgueirar os fantasmas do anti-semitismo. Paranóia e método, mais do que loucura e método. E ainda mais perigoso.
Lembrem-se que citei apenas dois exemplos, os mais exóticos de um fato apenas que simboliza minha idéia. Lembro também que não descarto a possibilidade de estar errado; o interesse é propiciar um debate que tem sido tolhido pela própria força das minorias.
Termino lembrando o último texto do Olavo sobre o filme, publicado em O GLOBO no último Sábado: nele Olavo advertia os judeus sobre os perigos de acreditarem nos esquerdistas que hoje acusam Gibson de anti-semitismo, ontem marcharam em defesa do terrorismo e da condescendência com os homens-bomba. Longe de dizer que o aviso é desnecessário, faço o meu, que penso ser mais pertinente: judeus, olhem para dentro da sinagoga. Assim como nos casos do islamismo e principalmente do catolicismo, os principais inimigos dos judeus atiram de dentro de suas fileiras. Os sacerdotes do templo deixaram seguidores.
Felipe Svaluto Paúl(stupid white man: sem direito a cotas, remédios gratuitos ou proibição de películas)

domingo, março 21, 2004

LOUCURA COMO MÉTODO 2: RETORSPECTIVA UFF 2003
PARTE 2:PARA QUE CINEMA? ALEXANDER VANCELLOTE, O HOMEM-PANFLETO E SUAS DIVAGAÇÕES.
Quem seria o sujeito por trás do nome? Quem seria este crítico que ostenta nome de Czar? Seria homem idoso, bizolista nostálgico? Ex-guerrilheiro, agora beneficiário das benesses que a viúva concede a pessoas de tamanho gabarito? Ou jovem, talvez estudante de cinema da Fluminense, militante de alguma organização revolucionária democrática popular e socialista? Confesso que tenho alguma curiosidade em saber. Não por ser este sujeito uma espécie de relíquia, múmia putrefata cujas partes transmutam-se em virulência textual tão doentia quanto inofensiva; não, queria eu que fosse tão ímpar e anacrônico esse moço. Mas a verdade é que nele habita o que há de pior no pensamento(?) da esquerda mundial, irmanam-se conceitos(??) os mais disparatados e, talvez exatamente por isso, mais queridos daquela massa pretensamente pensante que abunda em universidades, “cines arte” e demais habitats anecúmenos a reflexão. O sr.Alexander passa longe da fragilidade do último Czar de Todas as Rússias e tangencia perigosamente a amoralidade do Pai dos Povos. Em comum a ambos, guarda o despotismo e a periculosidade.
Passo à revelia da estética e reproduzirei sem mais a prosa do nosso revolucionário. Como prometido antes tentarei conter a natural prolixidade e fazer o mínimo de comentários possíveis, auxiliado nesse esforço pela própria clareza com que Alexander expõe suas sandices, como que na certeza de serem elas verdades óbvias a qualquer que tenha ultrapassado o estado fetal. Eu, ignorante confesso que sou, peno por não ter conseguido ainda compreender as belezas do assassínio de classes sociais...quem sabe na universidade?
ALBERGUE ESPANHOL- “O que é a economia? A organização, a repartição da produção em função das populações, o seu bem-estar? Ou será a utilização e, ainda, a exclusão de populações inteiras em função de flutuações financeiras anárquicas ligadas apenas ao lucro? Estamos em uma economia verdadeira ou, ao contrário, na sua negação?” Assim começa nosso homem sua resenha. Por honestidade intelectual digo que o trecho não é dele, mas sim de uma certa Viviane Forrester, pérola colhida em O HORROR ECONÔMICO- que Alexander faz questão de dizer que é best-seller. E o que isso tem a ver com o filme? Nada, nada em absoluto. Longe de ser exemplo isolado, esse expediente é talvez o capital no estratagema do crítico, repetido outras tantas vezes ao longo do caderno. Os filmes tornam-se apenas acessórios, trampolins para a demonstração de erudição e capacidade doutrinária de Alexander; pouco importa a incongruência da resenha com a realidade do filme, pouco importam análises técnicas- quer coisa mais pequeno-burguesa que analisar direção de arte? O que importa é demonstrar ao leitor que ele não precisa temer: todos os filmes resenhados por Alexander, de comédia pós-teen a horror de zumbis, serão analisados sob marxismo de botequim ipanemense. Opa, que bom...resenhas com contrapartida social!
Mas Svaluto, sobre o que é o filme? Bem, nas mãos de Alexander e dos seus, reduz-se ao cotidiano de um jovem estudante de economia que vai morar em república, vivendo com pessoas do mundo todo. Lá aprenderá então sobre a “economia verdadeira” e, presume-se, deve sair dessa experiência enriquecedora com o mesmo ódio contra o capital que nosso crítico explicitará mais tarde. Acostumem-se senhores: para Alexander tudo é mera luta de classes, “projetos de utopia” gestados em comédias de situação.
Diz aos senhores Svaluto, do alto dos 17 anos de um ignorante classista: isso é o filme, uma comédia repleta de gags manjados e piadas não muito inteligentes sobre diferenças nacionais. Péssimo como arte, perfeito para uma pipoca com namorada. E instrumento ideológico nas mãos dos insanos.
AMARELO MANGA-É difícil até selecionar trechos de certas resenhas para partilhar com os senhores, tamanha a tragicomédia que se esconde em cada frase torta; aqui fico com essa, onde novamente o crítico dá voz a outro, desta vez o diretor do filme: “Cláudio Assis já declarou: Não quero fazer filminho para agradar. Não agüento esta realidade maquiada do cinema nacional hoje. Enquanto estiver vivo e a língua falar, os caras vão ouvir”. Fale mesmo, os caras merecem”. Deve ser uma graça esse moço não? Agora pensem comigo: qual o último filme nacional de que os senhores tiveram ciência- escreveria “visto pelos senhores”; peço desculpas pela quase sandice- que “maquiava” alguma coisa? Qual o último filme nacional resenhado em VEJA que não contivesse ao menos um elemento do tripé sacro de nosso cinema, o favela-caatinga-capitalismomalvado? Que filme nacional apresentava valores morais bem definidos, Bem e Mal, com maiúsculas? Houve algum filme nacional nesse novo século sem personagens maltratando o vernáculo ou elites malvadas causadoras da miséria popular?
Sim, criei uma hipérbole, artifício retórico. É claro que houve. Felizmente nosso cinema tem conhecido as belezas de salas cheias, as benesses das produções comerciais e a validade do entretenimento despido de ideologias quaisquer. Mas são exatamente esses poucos filmes que são os alvos do Cláudio, e por tabela do Alexander. São esses exemplos que, acanhados, precisam pedir desculpas pelo sucesso e por “agradar”- como se não fosse essa a função última do cinema. Nós, os “caras”- ou seja, a elite-branca-capitalista-católica-racista-ignorante-neoliberal – precisamos pedir desculpas e com ouvidos de mercador(ops!) prestar atenção nos ensinamentos de nosso valoroso cinema favela-e-bandido. Saudades do tempo em que além da câmera na mão havia algo na cabeça...
CARANDIRU- Outro texto em que é difícil a escolha de trecho. Fico com o final: “Dois dias depois daquele anúncio comemorativo[468.293 pagantes do filme], no mesmo Segundo Caderno, a coluna de Hildegard Angel destacou, em página inteira, um casamento da high society, acontecido numa mansão de Itaipava. Li que as organizadoras da cerimônia respeitaram a arquitetura New England da casa. Por mero hábito de divagação...fiquei pensando...em como este é um país arrumadinho.. e democrático...Dependendo de onde “fica” sua zona eleitoral você pode sempre fazer suas escolhas: Valentino ou Dior, humilhação ou coisa pior”.
A argumentação é tão inexistente e as reticências tantas que confesso a confusão. O que nosso crítico quis dizer aí? Claro, as elites malvadas. Mas o que especificamente? A arquitetura deveria ser substituída por algo neo-realista? A mansão deveria se tornar um educandário democrático popular? A coluna da Hildegard deveria ser substituída por uma do Leonardo Boff, o capelão da Al-Quaeda? Ou nosso país reticentemente democrático deveria ser menos arrumadinho?
Ah sim: nem preciso lembrar que a técnica da resenha-trampolim foi usada novamente.
DURVAL DISCOS- Atenção aqui: agora nosso crítico se esbalda. Deixando de lado conceitos(???) e reticências abstratas, volta-se para a concretude de nossa arrumadinha aldeia. Alguém notou que o Príncipe ainda não havia sido citado? O natimorto neoliberalismo- que é muito mais ofensa verbal que sistema ideológico- passaria incólume pelo impiedoso homem do Cine Arte? Jamais- mesmo nos tempos em que a bravata confessa finda ainda sobra aquela nostalgia...
“No Brasil, governos e elites(desculpem a redundância) parecem encarar os pobres dessa forma, na medida em que não há política demográfica, nem uma política social eficaz. E práticas de extermínio, às claras ou camufladas, fazem parte do cotidiano”.
Governos e elites são a mesma coisa? Sim, são. Aqui e em todo o mundo, hoje, ontem e sempre. Esse processo é de naturalidade tamanha que mesmo quando havia pensamento na margem esquerda descobriu-se que apenas uma vanguarda de intelectuais organizados em partido poderiam “levar o povo ao poder”. A importância das elites é fundamental na construção de uma nação, e este é muito mais reflexo daquelas que do dito “povo”. Infelizmente faltam-nos estudos a respeito- em cultura dominada pelo marxismo quem trataria as elites como algo que não satânico?- embora o recente DONA VERIDIANA pareça bem promissor nessa abordagem.
E os extermínios? Quanto aos “camuflados” bem imagino o que o autor tenha desejado dizer(violência policial contra excluídos, indústria da seca, capitalismo selvagem e desumano etc), meias-verdades ou falácias que merecem artigos isolados; mas e aqueles “às claras?”. Às claras como, no meio da rua? Confesso novamente a curiosidade. Mas não contexto, já que o moço parece muito familiarizado com extermínios- como ficará claro mais tarde. Tem ele novamente a palavra:
“Durval Discos[...] é o comentário sutil[...] sobre o surto de “modernização” que assaltou o Brasil nos anos 90. Modernização sem distribuição de renda”
Agora algo prático, dose de realismo e verdade a despeito de todas as minhas reservas ao Príncipe: o IBGE não demonstrou um crescimento na renda do brasileiro durante a Era FHC? E a renda não está em declínio acentuado durante a administração redentora do Molusco? Ah tá.
Finda qual parnasiano nosso amigo: “Vale ainda lembrar que o Durval Discos corrobora a perfeita frase de Marilene Felinto: “O crime é a única via de ascensão social na Era FHC” Uma via respingada de sangue”.
Além de mentira novamente refutada pelos números- esses pequeno-burgueses algarismos!- a frase chega a ser ingrata vindo de quem vem: basta lembrar que foi graças a Era FHC que se pôde concretizar- por entre pedidos de renúncia e bravatas mil- a maior ascensão social da história do país, tão propalada como genuíno milagre brasileiro: de retirante a Presidente da República, com pedágio às FARC e apesar de ser fruto de esquisita moça que, pasmem, nasceu analfabeta coitada!
***
É apenas isso? Finda está a criatividade do czar tupiniquim e passaremos a seu colega? Quem dera houvesse limites a sandice...uma vez tendo a disposição veículo tão grandioso, trampolim de estatura diminuta mas imenso para um anão da teoria e das falácias, acham os senhores que ele vai largar o osso assim? Não, ainda tem mais, no próximo artigo. Para nossa felicidade o colega não chega a ser comparsa, e demonstra ainda alguma lucidez, provavelmente devida a quase sempre benfazeja literatura. Tentarei tratar dos dois em apenas mais um artigo, mantendo o projeto original. Mas confessem...está divertido não?
Felipe Svaluto Paúl(o dândi do subúrbio)

quarta-feira, março 17, 2004

LOUCURA COMO MÉTODO 2: RETROSPECTIVA UFF 2003
INTRODUÇÃO
Pensam talvez vários dos poucos leitores sobre a leviandade do tema que titula o presente texto; como diante de atentados bárbaros, propinas palacianas, cotas racistas e cidades sitiadas prefere-se escrever sobre a retrospectiva cinematográfica de sala de arte niteroiense? Fosse de fato leviano o admitiria sem quaisquer: é beleza da democracia o permitir a utilização de propriedades com a idiossincracia desejada pelo proprietário. Não o faço por ser não aparente a leviandade, mas por haver grande conexão entre o aqui dito e os fatos importantes supracitados.
Como? Simples. A “loucura como método” é fenômeno que consiste em produzir disparates, sandices intelectuais e/ou práticas(afinal, que teoria não ambiciona o ser prática?) que aparentemente são apenas devaneios de louco ou até mera ignorância; escondem porém estratégia, mais ou menos intrincada, melhor ou pior realizada de acordo com o louco/estratego. Têm essas sandices por vantagem exatamente isso: o ser sandices. Não são levadas a sério por qualquer que tenha o mínimo de conhecimento do tema abordado, são motivo do escárnio dos doutores no tema e tendem a cair no esquecimento dos sérios que as conhecem, em parte devido a seu volume imenso. E exatamente por essas características são infinitamente perigosas.
Perguntam: mas o louco/estratego tem exata noção do que faz? Nem sempre. Essa noção, esse conhecimento do que está se construindo varia de acordo com as proporções das duas características no espírito de nosso dúbio. Quanto mais o louco superar o estratego, mais disparatadas serão as idéias e menos lógica interna terão- o que não diminui a periculosidade das idéias, afinal tendem a ser mais subestimadas; sendo o estratego a personagem preponderante, mais simples será identificar a lógica e empreender o debate- novamente, periculosidade intacta: o espírito estratego facilita a retórica e o nublar dos discursos.
E qual o perigo dessas idéias loucas se não há quem as ouça seriamente? Essa é a questão: sim, ouvintes não faltam a nossos insanos. Isso pois a sociedade em geral está em ambiente cultural/psicológico que há muito pretere a razão em prol da emoção; o debate entre diferentes substituído pelo debate interno; os argumentos lógicos perdendo para as falácias e o senso comum; a razão cedendo a loucura.
Discordam? Pois retomemos os supracitados temas importantes para análise no contexto da loucura estratégica:
_Os discursos oriundos de tonalidades ideológicas diversas buscando o relativizar e compreender o que seria uma motivação, uma causa objetiva para os ataques terroristas em Madri, como o leitor os qualificaria? Ainda que diversos- além das diferentes origens, lembro as diferentes tonalidades, estilos, méritos argumentativos- há como não perceber neles, através de exame mais ou menos apurado, o verme da loucura relativista? Me parece que a qualquer são isso é impossível. Mas seria apenas loucura? Reveja as fontes, os matizes ideológicos dos articulistas: não há interesses em vender nas entrelinhas idéias que, fossem outras as circunstâncias, seriam rechaçadas de imediato pelo leitor? Não há intenções de aproveitar a fragilidade emocional e a confusão momentânea para transformar o óbvio em duvidoso, o duvidoso em axioma?
_O Waldomirogate também é pródigo em exemplos, notavelmente relatados no site da Primeira Leitura. Fico aqui com o mais representativo: quando um partido põe-se acima da realidade objetiva e impede aos “opostos” o acesso a instrumentos que ele proclamava como republicanos, democráticos e imprescindíveis em situações anteriores similares ao Waldomiro, tendo por base o simples inverter o controle do Leviatã; quando um homem proclama a estupidez de uma CPI quando em eventos anteriores idênticos esbravejava em prol do imperativo ético em criá-la; em suma, quando um partido transcende a República e a mídia em peso trata isso, no máximo, como mera manobra política, tem-se apenas loucura? Ou há braços de uma estratégia de poder há muito delineada?
_As cotas racistas e as cidades sitiadas- aqui me refiro as grandes metrópoles brasileiras- deixo de lado em respeito a inteligência dos parcos leitores e a própria incompetência dos loucos/estrategos que objetivam formar o pensamento coletivo nesses temas em passar o mínimo de credibilidade a suas loucuras.
Aqui pretenderei portanto convencer os poucos leitores que ainda duvidam do processo e seu enorme desenvolvimento em nosso país; usarei para isso exemplo talvez máximo, que para muitos pareceria a primeira vista apenas mais um objeto produzido com os impostos do contribuinte sem que ele sequer o saiba: o “caderninho” que resenha os filmes em exibição na Retrospectiva 2003 do Cine Arte UFF, da faculdade homônima.
Para isso usarei dois artigos seguintes a esse, que estarão divididos por resenhista; haverá ainda texto conclusivo, a princípio bem sucinto, espécie de apêndice- novamente por não duvidar da inteligência dos leitores.
Não se preocupem quanto a pretensões demasiadas destes textos, nem com a possibilidade de que minha “verborragia textual” venha a transformá-los em monstros enormes; as resenhas são em geral de sandice tamanha que raras vezes me será necessário mais que algumas poucas frases de lavra própria- tentarei ao máximo deixar a palavra com nossos geniais resenhistas, que se esmeraram tanto em suas sandices estratégicas.
Fico por aqui. Para os poucos que tomarem contato com este texto antes dos demais- que o precederão como de praxe na página do blog- digo que pretendo escrever e publicar os seguintes ainda nessa semana, mesmo deixando um pouco de lado ócio e leitura aprazíveis.
Felipe Svaluto Paúl(bandeirante carioca em plagas niteropolitanas)
PS: O blogueiro Flamarion fechou seu blog dias atrás. Independente das diferenças no campo das idéias que possuímos- e nem são tantas, e muitas cosméticas- e da amizade do brasiliense com o cavaleiro da paranóia infinda, não posso deixar de lamentar o ocorrido, principalmente por ter se dado em virtude de acontecimento que também vitimou meu blog anterior, ou seja, comentários deselegantes de vândalos virtuais. Não tardou porém para que Flamarion retomasse o blog, a princípio apenas com pinturas e logo com textos- mas ficou como mácula a ausência de comentários, também visível aqui e que temo venha a se tornar cada vez mais comum em sites contrários as ilusões e loucuras contemporâneas. Triste.

segunda-feira, março 08, 2004

SINGELA HOMENAGEM
_Parem as prensas, senhoras! É hoje, é o nosso dia! Dia Internacional da Mulher!
Palmas. Rosa Luxemburgo, Mata Hari e Rita Lee recebem vivas; alguém pensa em citar Bardot, mas recua diante das possíveis reações ao conservadorismo de terceira-idade da francesa. Evocações a revolução sexual feitas a pulmões plenos e livres de nicotina não impedem a audição de um típico “yu-huuu” na pequena sala da Voz Amazona. Era a estagiária.
_Senhora Fernanda, que foi isso? Seu amadorismo não desculpa que não saiba que o “yu-huuu” e seus similares já estão proscritos desde a 23ª edição do Dicionário de Termos Sexualmente Ofensivos. Além de serem esses gritinhos típicos da mulher subserviente, têm ainda forte conteúdo anglo-saxão- e como bem demonstrou a companheira Carla em seu “Desnudando Adão: análises das relações de gênero na sociedade americana”, o puritanismo sexual anglo-saxão serve apenas a manutenção da dominação macho sobre fêmea...
_Desculpa Rita, ainda não li...
_Companheira Fernanda, acho melhor se inteirar mais de nossa doutrina, ou terei que demiti-la. Já não basta ter confessado ontem que raspa as axilas?
_É que coça...
_Não importa, a mulher revolucionária deve abandonar essa vaidade pueril incutida pela sociedade do macho! Mas deixemos essas querelas pra lá, hoje é dia de celebração; prepararam as matérias especiais que pedi? Companheira Maria, entrevistou as exemplares mulheres modernas?
_ Claro! Tenho aqui entrevista completa com Josilene, a popozuda de Vila Kennedy...parece que já abortou 7 vezes.
_Um exemplo, sem dúvida...mas só essa? Temos páginas a encher!
_Eu consegui declaração exclusiva da Rita Camburão, assassina de três maridos opressores...ela já tem mais dois listados para o indulto de Natal!
_Impressionante, essa dedicação deveria contaminar a todas nós...mas e para a página cultural? Estava pensando em publicar um texto literário que evocasse os ideais femininos...Fernanda, falou com a Hilda Hirst?
_Tentei...mas ela mostrou o dedo para mim.
_Mostrou o dedo? Como assim? Aquele dedo?
_Aquele...
_Fernanda, seja sincera: você estava usando batom?
_Era bem fraquinho...
_Ó deusa Gaia, o que faço com essa companheira!? Assim vai acabar escrevendo para o Mídia Sem Máscara! Última chance antes da demissão: encontre um poema sobre a mulher insubmissa para publicarmos.
Fernanda pensa, pensa, pensa. Após minutos brota um sorriso inteligente daquele rosto parvo. Ela vai a sala de Rita.
_Olha Rita, poema não sei...mas lembrei de música. Serve?
_Serve, nem esperava que conseguisse tanto...qual é?
_É antiga, século passado, mas muito interessante...fala sobre uma mulher sem vaidade alguma, e foi escrita por companheiro revolucionário, homem de muitas lutas...
_Mulher sem vaidade? Ótimo! É isso que queremos, você deve ter muito a aprender com essa música. Parabéns Fernanda, ache a música e vamos publicar! Parem as prensas!
E naquela tarde memorável o vespertino A Voz Amazona saiu exibindo a clássica Amélia como dica musical. E Fernanda foi a funcionária do mês, apesar das axilas.
Felipe Svaluto Paúl(“Amélia não tinha a menor vaidade/Amélia é que era mulher de verdade...”- Mário Lago)

terça-feira, março 02, 2004

DO MONOPÓLIO DA IGNORÂNCIA E UM TEXTO EFÊMERO
Começo dizendo que este será um texto difícil, para mim e ainda mais para o leitor. A dificuldade para o autor reside muito além da tradicional luta com as palavras inúteis e mal postas que me perseguem como que a vingar-se pela minha ousadia algo devassa e desajeitada ao tocá-las; passa pela necessidade de criticar pessoa que admirava, mesmo sem jamais ter conhecido- doença endêmica da rede. E culmina na complexidade do recurso a memória, que luta desde os minutos de reflexão que precederam estas linhas para se lembrar de um texto lido na alta madrugada do corrente dia. Para o leitor, será sem dúvida difícil ler algo que comenta outro algo que não mais existe; comentários sobre um texto efêmero, que surgiu em algum espaço de tempo ignoto entre a noite de domingo e a madrugada de segunda; texto surgido de mixórdia entre raiva e mágoa, cujos kbytes formadores se dissolveram em outro espaço ignoto- pouco depois do raiar da sangüínea aurora de hoje, chutam meus pendores. Talvez não apenas o leitor o desconheça, mas toda a comunidade virtual; não posso deixar de imaginar que fui o único a ler aquelas linhas amargas, apressadas, revoltas. Passou-me sim pela cabeça ser apenas alucinação debitada aos hábitos pouco salutares que tenho cultivado nestas longas férias. Permanece ainda de pé a hipótese de estar em algum lugar além da imaginação, sendo persona narrada pela canhestra voz de Serling.
Abandonando delírios motivados pela janta ainda por ser apreciada, dedico-me agora a revelar o mistério do texto: este chamava-se OS VÂNDALOS, como diz minha cansada mente em um lampejo. Habitou por parcas horas o blog do Sr.Paulo Polzonoff Jr, crítico literário cujo livro comentei neste site em artigo que precede a análise dos neopentecostais. Texto formado por frases curtas, simples, enfáticas. Mal-produzidas, simplistas, simplórias. Covardes, estúpidas, indignas. Talvez produzidas em também avançada madrugada, nada mais passavam de monstros engendrados pelo sono da razão.
Abandonando agora veleidades literárias em muito superiores a minhas capacidades e partindo para didatismo necessário a futuro professor, explico: o Sr.Paulo Polzonoff Jr. alegou no texto supracitado ter sido o seu blog vitimado por diversos indivíduos ligados a Olavo de Carvalho. Estes o teriam insultado- embora ele não o tenha precisado, acredito que principalmente por ocasião do texto A DITADURA COISADA, este ainda presente no site. Após noticiar o fato o blogueiro dedica-se a verter ódio ao filósofo e indivíduos ligados a ele: aqui particularmente me fica muito difícil lembrar os termos, mas me recordo de algo como “decadentistas falidos que desejam recuperar o que perderam com o fim da ditadura”. Termina após outros insultos a se lamentar por ter um dia acreditado no liberalismo, e de ter trocado algumas palavras com os “ligados a Olavo”. Não contente com a generalização implícita, diz textualmente e cobre com negrito: TODOS. TODOS os que nutrem simpatias pelo filósofo e seriam “ligados a ele” podem se considerar responsáveis pelas agressões e pela necessidade do autor fechar novamente a caixa de comentários.
Nova dificuldade: como refutar um texto deste teor? Como criticar um texto que apela explicitamente para uma das maiores falácias da retórica? Como escrever sobre um texto que mais lembra os comentários deixados por esquerdistas nos blogs da “gente do Olavo” que produto da mente que até então considerava uma das mais lúcidas da blogosfera nacional? Difícil, mas necessário. Nesse único ponto irmano-me com Polzonoff: a necessidade deste texto meu não é convencer os amigos leitores da estupidez de outrem, patente e explicitada. É antes disso necessidade orgânica, um extirpar sentimentos muitos, principalmente decepção. Decepção não só em relação ao crítico, mas principalmente diante do gênero humano.
Começo com obviedade a qualquer ser pensante, mas que de fato parece estar sendo esquecida pela “gente do Olavo”: ser liberal ou conservador não é, como qualquer posicionamento político, uma virtude per si. Um liberal pode ser tão idiota, ignorante, mau-caráter que um comunista. Um conservador com crucifixo ao pescoço pode ter moral em muito inferior a puta mais devassa. Moral e ética são virtudes as quais jamais consegui explicar, e nem aqui o pretendo. Não se filiam a qualquer posicionamento individual, antes parecem ter componentes quase místicos, emanando de local desconhecido-fosse menos cético, diria que são as mais divinas das virtudes humanas.
Assim sendo, não vou de forma alguma negar que “gente do Olavo” tenha feito com Polzonoff o que alguns desocupados- com a contribuição mui provável de certo ser abjeto que diria ser “gente do Olavo” se me pautasse pelo (a)critério do crítico- fizeram em meu antigo blog, ataques estes que também motivaram a falta de comentários deste meu novo bunker. Fosse o texto contra estas pessoas, aplaudiria e estaria escrevendo outras linhas, aproveitando o gancho para desenvolver uma análise dos pretensos liberais e conservadores da rede que já falam em formar agremiação eleitoreira, ao mesmo tempo em que negam a necessidade de debates quaisquer- parecem não saber que para isso já existe o PFL. Mas não, o blogueiro vai além: TODOS somos culpados, toda essa “gente do Olavo”. Pagamos assim por poucos, como que tendo o blogueiro descoberto, a partir de poucos espécimes, uma falta de caráter que seria comum a qualquer um que se aventure em dizer “opa, interessantes estes textos do Olavo”. Como que em rito mágico de comédia Z, o nome “Olavo de Carvalho” elimina todas as virtudes de quem o pronuncia.
Ou seria outra coisa, mais concreta, um surto de realismo daquele que rende odes a imaginação? Teria o crítico feito análise socio-antropológica com verba estatal e descoberto que todos os leitores de Olavo são seres amorais e perversos, devotados a xingar críticos literários em seus blogs? Teria ele gráfico a apresentar a respeito, eixo cartesiano que analisa a relação olavice/perversidade do indivíduo? Sendo isso, pecou o blogueiro ao retirar seu texto da rede: chegasse às mãos de alguém da CAROS AMIGOS e era emprego na hora.
E não pára o ensandecido por aí: a amoralidade de uns três ou quatro não contamina apenas seus supostos pares decadentes, mas toda uma doutrina! Sim senhores: o liberalismo também é amoral, não merece crédito, Polzonoff se lamenta por ter um dia nele acreditado. John Locke certamente era também ser abjeto, que se divertia escrevendo cartas anônimas insultuosas ao Barão Polzonoff, que as lia revoltado na gélida Rússia. Mas como a correspondência demorava naqueles tempos de outrora! Diante das limitações do correio inglês Locke precisava dar vazão a sua amoralidade de outra forma, ainda que sem abandonar a pena retirada de pássaro que torturou pessoalmente: pronto, temos aí a gênese do liberalismo político, expiação da falta de caráter de um “gente do Olavo” precoce.
Findando o texto, lembro ao leitor que escrevi acima serem as frases de Polzonoff “covardes”. Foi apenas retórica jogada ao vento? Não, as frases são covardes sim. Isso pois o homem se lamenta também por não ter dado “nome aos bois”, mas se exime de fazê-lo neste momento de “rompimento”. Pelo contrário, dentre as diversas críticas mais ou menos cifradas, me ficou na memória uma de endereço óbvio- o “gente do Olavo” Flamarion, que recentemente defendeu a tortura praticada pelo regime militar.
Ainda me resta dizer que não pretendo com o acima atingir Polzonoff de qualquer forma; isso digo não pela covardia por ele cultivada- bem o sabem os leitores antigos que não padeço desse mal, dado que já cheguei a manter a duras penas “debate” com moço que ameaçava com xingamentos e processo. Digo pois Polzonoff já não tem a menor importância para mim como autor do que seja, pois mostrou em apenas um texto perdido sua real face, o que me faz concluir que os homens não revelam sua verdadeira moral quando convivem com os bons, mas quando confrontados com os abjetos da vida.
O que deve estar fazendo o crítico agora? Despido das terríveis amarras do castrador liberalismo, talvez enfim tenha ido ao encontro de outro pretenso russo, em isbá que cheira a vodka vagabunda. Bem, felicidades. E muitos russinhos a correr pela casa.
Felipe Svaluto Paúl(100% “gente do Olavo”)
PS1:A publicação do texto apenas nesta terça não se deve a inquietações morais ou especulações sobre a conveniência de fazê-lo; respondem por isso os useiros problemas operacionais de qualquer usuário do sistema de flácida pequenez.
PS2: Inclusos na lista de links os sites dos amigos Rodrigo(Azel) e Renato Drumond(Gilgamesh, sabe-se lá até quando) bem como do jornalista Paulo Leite(Filial). Modificado o endereço para o blog do Flamarion(Contra a Ilusão).

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